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Um pequeno guia pra entender Asterix e Obelix

Com a nova minissérie da Netflix, chegou a hora de conhecer — ou redescobrir — os heróis criados por René Goscinny e Albert Uderzo, os gauleses mais teimosos (e divertidos) da história dos quadrinhos

Por THIAGO CARDIM

Meio que sem alarde, o Netflix lançou recentemente a minissérie animada “Asterix e Obelix: O Combate dos Chefes” (2025), uma nova adaptação baseada em um dos álbuns mais populares dos heróis criados pela lendária dupla Albert Uderzo e René Goscinny.

A produção, que segue o estilo de animação tradicional com um toque moderno (a sequência da infância do passado dos personagens principais é uma explosão de fofura), tem direção de Julián Ughetto e conta com as vozes originais de Pauline Brunner, Roger Carel (voz histórica de Asterix em francês, resgatada aqui por IA em uma homenagem), e Bernard Alane, entre outros nomes do circuito francês de dublagem.

Mas, embora Asterix e Obelix sejam verdadeiras instituições nos quadrinhos europeus — especialmente na França —, nem todo mundo cresceu com as aventuras da dupla por aqui no Brasil.

Por isso, a gente preparou esse simpático guia pra te ajudar a entender quem são Asterix e Obelix, por que seus quadrinhos são tão importantes, e como eles atravessam gerações com seu humor irreverente, referências históricas afiadas e crítica social embutida nas aventuras mais absurdas.

Quem são os criadores de Asterix e Obelix?

Asterix – e sua irredutível aldeia de gauleses – nasceu em 1959 nas páginas da revista francesa Pilote, pelas mãos de dois gigantes da cultura pop europeia: o roteirista René Goscinny (também criador de O Pequeno Nicolau) e o desenhista Albert Uderzo.

A ideia era simples e genial: contar as aventuras de um pequeno vilarejo gaulês que resiste à invasão romana com inteligência, amizade e uma boa dose de magia druídica.

A tal dose de magia, no caso, é uma poção misteriosa produzida por seu druida e que dá superforça a cada um dos gauleses, permitindo que eles distribuam boas doses de sopapos nos romanos que querem invadir sua pequena e calorosa aldeia.

A série de quadrinhos rapidamente se tornou um fenômeno internacional. Com dezenas de álbuns publicados, mais de 380 milhões de cópias vendidas em todo o mundo e traduções para mais de 100 idiomas e dialetos, Asterix é um verdadeiro ícone da Nona Arte.

O que acontece nas HQs de Asterix?

Em cada álbum, Asterix e seu inseparável amigo Obelix (que caiu na poção mágica quando era bebê e por isso tem força sobre-humana permanente) enfrentam diferentes desafios — seja ajudando vilas vizinhas, cruzando fronteiras para aventuras internacionais ou lidando com as artimanhas dos romanos liderados por Júlio César.

O humor é a alma da série: com trocadilhos, sátiras históricas e personagens carismáticos, Asterix é ao mesmo tempo educativo e escancaradamente engraçado.

Qual é a história de “O Combate dos Chefes”?

Na minissérie, os romanos encontram uma nova estratégia para tentar conquistar a aldeia gaulesa que resiste bravamente à dominação: um duelo entre chefes de diferentes aldeias gaulesas.

Se o chefe da aldeia gaulesa perder, todos devem se render ao outro chefe – e eles encontram, no caso, uma aldeia de gauleses cujo líder é um galo-romano. Ou seja, um gaulês que se rendeu ao modo de vida dos romanos e está bastante tentado a entregar a sua vila e a do próximo nas mãos do império…

Mas como o nosso bom e velho Abracurcix, o líder da aldeia, anda meio fora de forma, tudo pode dar errado… a menos que Asterix, Obelix e o druida Panoramix consigam virar o jogo com um pouco de inteligência — e muita poção mágica, claro.

O único problema aqui: Panoramix acaba sofrendo um inesperado acidente e, vejam vocês, perde a memória. Ou seja, a única pessoa que sabia fazer a poção mágica simplesmente se esquece de quem eles são e, claro, do que diabos deve misturar naquele caldeirão. Fuén. Vai ser a hora de encarar o desafio sem nenhuma substância adicional.

Junte a isso o fato de que exatamente neste momento temos a dupla Asterix e Obelix meio que discutindo os fundamentos de sua própria amizade…

“Asterix and the Big Fight”: o álbum de 1966 que inspirou a série

“Asterix and the Big Fight” (ou “Asterix e o Combate dos Chefes“, no Brasil) foi originalmente publicado em 1966 e é o sétimo volume da série.

Nele, vemos a clássica fórmula da história colocada à prova: o duelo entre dois chefes como forma de resolver conflitos, com um toque de suspense e muito humor físico. É um dos volumes mais lembrados pelos fãs, especialmente por sua sátira da burocracia e da estratégia romana.

Já teve um filme animado dessa história?

Sim! A primeira adaptação de “O Combate dos Chefes” para animação foi lançada em 1989, com o título original Astérix et le Coup du Menhir.

Embora o roteiro tenha algumas diferenças em relação ao álbum de 1966 (incluindo elementos do volume “Asterix e o Adivinho”), ele marcou época por sua animação charmosa e fiel ao espírito da obra original. Vale a pena conferir, especialmente como complemento à nova minissérie da Netflix.



Quer começar a ler Asterix? Aqui vão cinco gibis essenciais

Se você ficou curioso e quer se aventurar nos quadrinhos de Asterix e Obelix, aqui vai uma seleção de cinco álbuns perfeitos para começar:

Asterix, o Gaulês (1959) – o ponto de partida, onde tudo começou.

Asterix e Cleópatra (1965) – uma das histórias mais populares e adaptadas para o cinema.

Asterix entre os Bretões (1966) – com ótimas piadas sobre a Inglaterra e seus costumes.

Asterix entre os Helvéticos (1970) – sátira política e muito queijo suíço.

Asterix e o Adivinho (1972) – uma crítica afiada às pseudociências e gurus da aldeia.



Finalizando…

Com o lançamento de “Asterix e Obelix: O Combate dos Chefes” na Netflix, esta é a oportunidade perfeita para conhecer dois dos personagens mais icônicos da história dos quadrinhos europeus. E com tantos álbuns disponíveis no Brasil, não faltam aventuras para você se perder — e se divertir — com esses gauleses invencíveis.

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